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A tecnologia a favor do desenvolvimento do setor aquaviário e portuário no Brasil

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O setor portuário brasileiro é um dos principais no mundo e tem uma importância ímpar quando o assunto é logística, importação e exportação e, consequentemente, o impacto na economia do País. Para se ter uma ideia da dimensão dessa área, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em 2023 os portos nacionais movimentaram 1,303 bilhão de toneladas, maior volume registrado na série histórica, representando um crescimento de 6,9% ante 2022.

Com esse aumento considerável nas movimentações portuárias, a tendência é que o setor continue crescendo e com um protagonismo cada vez maior — tanto nas importações e exportações, como nas cabotagens. Ainda de acordo com a Antaq, a previsão para 2024 é que sejam movimentados 1,313 bilhão de toneladas no Brasil. Prova disso é o investimento previsto pelo governo federal para o setor aquaviário e portuário: R$ 78,5 bilhões entre 2024 e 2026, de acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos.

Para que o setor aquaviário e portuário possa continuar crescendo e assumindo cada vez mais protagonismo no cenário econômico do Brasil, é preciso utilizar a tecnologia. Um constante e bem sucedido desenvolvimento de processos, serviços e métodos de operação passa, necessariamente, pela inovação tecnológica.

Tecnologia: a chave para novas soluções e melhorias no setor

Uma das dez maiores economias do mundo e a principal da América Latina, o Brasil ocupa uma posição estratégica no comércio internacional e possui uma das mais relevantes redes de portos da região. De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), existem no País mais de 380 instalações portuárias, públicas ou privadas, marítimas ou fluviais, em 7.637 Km de extensão litorânea. Apesar dessa representatividade, os desafios de deficiência de infraestrutura, processos e segurança afligem o setor como um todo.

Esses problemas estruturais influenciam diretamente a produtividade, o volume movimentado, embarcações que podem adentrar os portos, e prazos e custos operacionais das empresas envolvidas, diminuindo assim o enorme potencial de competitividade no comércio internacional.

Existem, porém, diversas soluções e serviços que utilizam a tecnologia para sanar algumas dores do setor aquaviário e portuário, disponibilizando alternativas a processos obsoletos ou ainda para otimizá-los sob os desafios impostos por normas que possam se mostrar defasadas ante à rápida evolução comercial global.

Um exemplo desse tipo de ação é a flexibilização da Norma Nº 23/2023, fruto de um trabalho colaborativo entre o PORTOS RS – Autoridade Portuária dos Portos do Rio Grande do Sul, Sintermar Unidades Terminais, TECON Rio Grande, Praticagem de Rio Grande, Technomar Engenharia e Marinha do Brasil. A partir dessa iniciativa, navios de 300 e 335 metros podem realizar manobras de giro dentro do Porto do Rio Grande com um novo calado, mantendo o alto padrão de segurança já estabelecido, resultando em um avanço significativo para os portos e processos de navegação no país.

Simulações reais para otimização de processos

O caso da flexibilização da Norma Nº 23/2023 teve a tecnologia como uma das principais aliadas para o sucesso. A equipe de engenharia da Technomar simulou o calado dinâmico em tempo real por meio do TMS (Technomar Maritime Simulator) — simulador de manobras de embarcações que incorpora tecnologia exclusiva da empresa — instalado na APL, em colaboração com os stakeholders do Rio Grande e o próprio porto. Por meio da ferramenta que utiliza realidade virtual e aumentada, foi possível tomar decisões assertivas sobre as operações realizadas no local.

O TMS é o primeiro simulador desenvolvido no hemisfério Sul que recebeu a certificação Classe A da DNV-GL, atestando o realismo nas manobras simuladas, podendo ser utilizado em projetos e treinamento portuários, de navegação e de instalações offshore. Essas simulações podem auxiliar tanto em projetos de navegação quanto de manobrabilidade.

Os ganhos técnicos e operacionais que os simuladores permitem não param por aí.

Entre outras aplicações, eles permitem capturar com precisão o comportamento das embarcações sob a ação de corrente, vento e ondas, o que  possibilita maior produtividade e assertividade nas decisões. O simulador também incorpora modelos hidrodinâmicos e, juntamente com cenários 3D detalhados de ambientes portuários e fluviais, oferece um nível de realismo que permite recriar com fidelidade as manobras específicas de cada caso analisado.

Dentro do contexto de que o setor aquaviário e portuário são indissociáveis, a tecnologia de simuladores pode promover melhorias e inovações na infraestrutura dos portos, viabilizar a expansão ou construção de novos terminais e também a realização de manobras em condições críticas.

Monitoramento portuário: mais segurança e preocupação com o meio ambiente por meio da tecnologia

Quando fazemos o recorte do setor portuário no Brasil, temos números impressionantes, como por exemplo a já citada quantidade de portos: 380 terminais. Desses, 210 são de uso privado (TUP), localizados em portos privados, e 170 arrendados em portos organizados (públicos). Num recorte ainda mais afunilado, apenas o Complexo Portuário de Santos (SP) é composto por 45 terminais aptos a receber navios, sendo 39 deles públicos e seis de uso privado, posicionando-se como o maior da América Latina — o 6º da América, em geral, e o 40º do mundo, ambos em movimentações.

Considerando o tamanho do setor no Brasil e sua respectiva importância, é compreensível que os desafios sejam equivalentes à sua dimensão. E, nesse contexto, existem diversos processos que buscam facilitar, garantir segurança e preservar o meio ambiente do local, como o monitoramento portuário.

Esse recurso aprimora a segurança da navegação, auxilia na salvaguarda da vida e na proteção do meio ambiente, além de contribuir ativamente com a inteligência portuária. Todo o processo é realizado por meio de softwares desenvolvidos com as mais recentes tecnologias de mercado. Essa solução permite compilar e tratar dados de navegação marítima, além de criar e disponibilizar modernos dashboards com os principais indicadores da operação portuária.

Este sistema disponibiliza estatísticas de não conformidade de navegação, indicadores de eficiência operacional e recursos de playback de manobras para estudos de incidentes e treinamentos. Esses processos são extremamente importantes para todas as partes envolvidas, desde as embarcações, até os práticos e o corpo de funcionários dos portos.

Inovação em alto mar

Para além do complexo portuário no Brasil, existe uma outra frente do setor marítimo que vem ganhando cada vez mais destaque: as turbinas eólicas offshore. Se antes o vento em áreas de terra firme era uma das soluções para obtenção de energia sustentável, agora o alto mar também vem ganhando relevância e surge como uma alternativa real e promissora para a produção elétrica.

Batizadas de Float Offshore Wind Turbines (turbinas eólicas flutuantes em alto mar, em tradução livre), são estruturas projetadas para operar em águas profundas e aproveitar as correntes de ventos. Montadas em plataformas flutuantes ancoradas ao fundo do mar, possibilitam a geração de energia renovável em locais onde as turbinas convencionais não podem ser instaladas.

O mercado de turbinas eólicas flutuantes offshore está em ascensão no Brasil, impulsionado pelo crescente interesse global em fontes de energia renovável e pela necessidade de explorar áreas mais remotas dos oceanos. De acordo com estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o País tem potencial de geração de 700 GW utilizando as turbinas eólicas offshore considerando apenas até 50 metros de profundidade. Atualmente, em mares brasileiros existem 170 GW instalados.

A Technomar trabalha diretamente com projetos de FOWT, com atuação focada no desafio de garantir que as estruturas ancoradas ao fundo do mar, com uma série de cabos e amarras, sejam capazes de resistir às condições adversas do oceano, com ondas, ventos e correntezas intensas.

Tecnologia é o meio: é necessário ter quem a conduza

O potencial e a relevância de soluções que utilizam a tecnologia é imenso, porém tê-las disponíveis sem uma forte integração envolvendo pessoas capacitadas para estudá-las, manuseá-las e aplicá-las é desperdiçar o verdadeiro impacto desses recursos.

Quanto mais pessoas aptas para desenvolverem novas soluções e também para utilizarem os novos recursos tecnológicos, maior será o ganho para todo o setor. Por isso, uma área que seguirá em alta pelos próximos anos é a de inovação, pesquisa e desenvolvimento.

Seja com parcerias entre instituições de ensino e empresas privadas ou até mesmo diretamente entre as esferas pública e privada, a busca constante e ininterrupta pelo surgimento de novas soluções ou, ainda, de aprimorar as já existentes, é fundamental para alavancar o patamar do setor aquaviário e portuário do Brasil.

A Technomar tem cases de parcerias em prol de melhorias nos processos e em busca de um futuro mais sustentável. Na área de energias renováveis, em conjunto com a USP, estão sendo desenvolvidos projetos de otimização dos cascos das FOWT e captura e armazenamento de CO2 em cavernas de sal. Atualmente, a empresa está desenvolvendo também um otimizador de rota para o transporte marítimo visando a redução de emissão de gases poluentes, contando com apoio financeiro da FINEP.

Com um aumento exponencial nas preocupações com governança ambiental, social e corporativa (ESG) nos últimos anos em todos os setores de atuação, as áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação terão um papel cada vez mais central para atender às expectativas do mercado.

Para se manter competitivo no comércio internacional, o Brasil não poderá negligenciar essa preocupação. É preciso usar a tecnologia e capacitar mão de obra olhando para dentro, mas sem deixar de lado a busca por soluções e inovações que atravessem as águas do oceano atlântico.

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